O arquiteto Diébedo Francis Kéré foi contemplado com o Prince Claus Laureate Award de 2017, destacando o valor cultural de sua arquitetura, além da qualidade estética, sustentável e empoderadora.
Fundada em 1996, o Fundo Príncipe Claus para Cultura e Desenvolvimento acredita que a "cultura é uma necessidade básica" e procura apoiar os esforços individuais e coletivos em áreas culturais onde historicamente o acesso tem sido limitado. Os prêmios anuais possibilitam o reconhecimento de conquistas extraordinárias nessas áreas, especialmente voltado à pessoas e grupos que operem na África, Ásia, América Latina e Caribe. Tanto a qualidade do trabalho quanto as suas contribuições culturais, seja no contexto local ou em esferas mais amplas, além do impacto social, desempenham um papel crítico na tomada de decisões do comitê. O juri, composto por especialistas de várias disciplinas, incluindo música, artes visuais, curadoria, cinema, arquitetura e urbanismo, são responsáveis por selecionar, a partir de uma lista de mais de 140 candidatos, sete premiados e dois grandes prêmios.
Kéré foi premiado recentemente por seu "projeto e construção de edifícios de grande beleza que atendem às necessidades das pessoas; ... por honrar o orgulho das pessoas em suas tradições e técnicas culturais, ... por combinar de forma criativa fatores relevantes de duas diferentes áreas do conhecimento, alcançando soluções práticas de relevância global e promovendo uma troca de idéias entre a África e a Europa; ... e pelo compromisso ético de criar uma arquitetura inspiradora que melhore as condições de vida das pessoas e de suas comunidades... "
Para o juri, o trabalho de Kéré demonstra o potencial da arquitetura em ser generosa, aliás, sua carreira profissional ter sido marcada por uma generosidade latente. Como o primeiro filho da família a frequentar a escola em sua aldeia natal de Gando, em Burkina Faso, Kéré passou então a estudar carpintaria na Alemanha e depois frequentou a Universidade Tecnológica de Berlim para se formar em Arquitetura e Engenharia. Ainda enquanto estudava, criou uma instituição de caridade chamada Bricks for Gando e, nos anos 2000, através dos fundos arrecadados pela instituição, retornou à Burkina Faso para construir o projeto da Escola Primária de Gando, desenvolvida com o auxílio dos moradores da aldeia, utilizando materiais locais e com o principal objetivo de reintegrar a comunidade local. Desde então, além de desenvolver uma série de projetos em Gando, também o fez no Sudão, Quênia, Mali, Moçambique e em outras localidades na Europa. O seu compromisso com o envolvimento da comunidade local em um processo participativo, com orientação e treinamento, promove a apropriação e desenvolve um sistema de intercâmbio cultural. É um verdadeiro processo de ensino e aprendizagem, operando em ambos os sentidos.
Em 2017, Kéré foi convidado para projetar o Serpentine Pavilion, que foi implantado no Hyde Park de maneira bastante sutil, sua envoltória em patchwork azul é envolvente como uma manta, e a ampla cobertura iluminada, flutua como um prato sobre o pavilhão e o proteje da incidência dos raios solares. Há claros sinais da relação do edifício com o clima, talvez menos importante em Londres do que em Gando, mas ainda tão pertinente. É um projeto sobre encontro e abrigo, calor e chuva, coletando a água da chuva em forma de cachoeira em seu centro, e sua transparência sutil que faz com que o edifício pareça respirar.
Desenvolvido com princípios semelhantes, Kéré também projetou um esquema parecido para o novo edifício do Parlamento em Ouagadougou após a revolução. Uma grande árvore torna-se o ponto de encontro simbólico e literal para a discussão pública e política, enquanto uma fachada inclinada se transforma em uma praça para abrigar a população. Criando uma característica tão incomum aos edifícios governamentais, Kéré promove a democracia por meio de amenidades conectadas ao edifício. Novamente, se torna evidente este empoderamento e senso de pertencimento que se delega aos habitantes locais, a base de sua prática projetual.
Kéré encontrou uma maneira de produzir uma arquitetura para o povo, do povo e pelo povo, uma conquista que o torna totalmente merecedor do Prêmio Prince Claus.
Diébédo Francis Kéré's Serpentine Pavilion Photographed by Laurian Ghinitoiu
Following the opening of the 2017 Serpentine Pavilion, designed this year by Diébédo Francis Kéré ( Kéré Architecture), photographer Laurian Ghinitoiu has turned his lens to London. Designed to mimic a tree, or a canopy of trees, the wooden structure has been designed to fuse cultural references from Kéré's home town of Gando in Burkino Faso with more "experimental" construction techniques.
Francis Kéré to Design 2017 Serpentine Pavilion
The Serpentine Galleries have announced that the 2017 Serpentine Pavilion will be designed by Diébédo Francis Kéré ( Kéré Architecture), an African architect based between Berlin, Germany, and his home town of Gando in Burkino Faso.
Diébédo Francis Kéré: "Architecture is About People"
On the Louisiana Channel's latest installment, Burkinabé architect Diébédo Francis Kéré discusses his "Canopy" installation, currently on view at the Louisiana Museum in Denmark, and shares thoughts on the impact of architecture. Designed with a sense of freedom that encourages users to interact with the installation as they wish, Kere's Canopy serves as a flexible gathering space within the museum that is reminiscent of " AFRICA."